sábado, abril 01, 2006

Cinco Notas de Um [outro] Diário

#1

Tudo bem seria na constelação das coisas, não fora esta inermitenciazinha no estar. Hoje trabalho, amanhã ocío, farrapo sem préstimo. Agora faço, logo desfaço, com um cansaço derriçoso. Enfim, niilista assumido vou sendo consumido pelo tormento do fragmento.

#2

O tempo é um corcel que nos desgasta em tropel e o futuro foi ontem. Queríamos tê-lo apanhado, com ele brincado (a manusear com cuidado) mas tão depessa passou, ZUM, já está, nem visto só ouvido, nesse célere zunido.

#3

Os dias claros são para os outros.
Rebolemo-nos na diáfana cinzentude intricadamente ensimesmada da nossa existência tormentosa.
Olhai, o céu que se esvai em dourados, porque não olhais o céu que se esvai em dourados?

#4

Um fresco sorriso de jovem contém uma indizível beatude. Se esse sorriso a nós fosse destinado, seríamos tocados pelo sopro do inefável?

#5

O vigor é uma miragem com que não ousamos sonhar. Do desalento, porém, somos mestres, pois que, a todo o momento, encetamos a vã demostração da prodigalidade da profunda resignação.

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