terça-feira, fevereiro 28, 2006

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Da Vida Vivida

É da vida bem vivida que hemos atrás. Como um perdigueiro no rasto da caça. Mas, debalde, qual mastim constipado, de focinho entupido, que não distingue, em meio da sinfonia d'olores que o mundo também é, o particular timbre olfactivo da presa. Pois que, em terra de cegos, nos falta, ainda, o mais subtil dos sentidos.

domingo, fevereiro 26, 2006

sábado, fevereiro 25, 2006

Décima Segunda Entrada

Poderá ascrita vindicar a existência? Mormente, quando esta, a existência, é baça, e, mesmo que a outra, ascrita, não seja particularmente brilhante. Talvez um breve e equívoco tremeluzir. Nem, tam pouco, iss'importa. Certo é, tão só, qu'intretém o espírito com a hipotesezinha de tal vindicação.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Constatação

De c'adianta escrevinhar s'a chuva persiste, monótona e triste, tal qual o tiquetaquear do cronómetro, pautando a aniquilação do que é.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Décima Primeira Entrada

Pinga que pinga e do pingo provém o respingo. Atingindo os recessos da vontade com tal impulso que faz ruir as defesas, de fileiras cerradas, contra a inacção.
Se, ao menos, não pinga que pingasse o mundo seria outra ostra e não casca vazia.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

domingo, fevereiro 19, 2006

Décima Entrada Em Jeito de Advertência

Fechai os olhos. Muito bem.
Agora, abri-os de novo, e remirai o que vos cerca. Parece-vos belo, agradável, prazentoso?
Ou, antes pelo contrário?
Se a resposta for p'la hipótese segunda, contemplai se não valerá a pena sair. Procurar mais aprazível local.
Porquanto, se o belo lava a alma, o seu oposto emporcalha o espírito, penetrando pelas frinchas da razão, até enlamear todo o pensamento.
Tende, pois, muito cuidado.

sábado, fevereiro 18, 2006

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

O Compassivo

Desenho em comprazimento. Desenho em afastamento do rigor e da razão. Tudo é feito no momento ao sabor da emoção. Pinto, risco e respingo, e volto, ainda, pra rabiscar um qualquer apontamento ou uma ideia que ande no ar.
Sem um traço direito, sem um ai de proporção, uma choldra de linhas a eito, indo prestes à derrição.
Desenho com todo o comprazimento, até à exaustão.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Silêncio, por favor...

E a fome e a sede d'esquiva serenidade?

C'o mundo é vasto de maldade, de fragor e de alarde. Dos ruídos vãos da fervilhante insanidade d'esta estrepitosa humanidade.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

domingo, fevereiro 12, 2006

Desesperança

Nada. Não me digam nada.
Não me falem dos campos floridos, nas manhãs de estio.
Não vos quero ouvir.
Não me contem das belas donzelas, passeando à beira mar, peles elásticas sabendo a sal.
Minha é a noite, torpor o meu reino ignoto.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Que Fazes?

Sendo apenas para ser, sem um quantum matricial d'alegria. Um raio de luz devassando a penumbra. Um sorriso inesperado.

E poder-se-á, talvez, vindicar a existência.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Dádiva

Ter uma ideia fixa dá obra mais prolixa. Se o muito fazer não é sempre bem haver dá muito mais prazer, ao escriba zeloso, escrever só pelo gozo. Linha a linha, com devoção, o poema em construção dá alegria mas não dá pão. Oh, triste poeta indigente que, em grande consumição, pede um'esmola a quem passa, tem obra tão vasta mas não tem um tostão.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

domingo, fevereiro 05, 2006

Ná Nada A Fazer

Nada sabemos. Nada a fazer. Nada sabemos fazer. Por isso escrevemos este dizer, do tanto que nos resta aprender. E fazer. A ideia esvoaça, voa e revoa. Vai depressa, que o teu pai está em Lisboa. Não quer ser apanhada (a ideia que voa) mas pla escrita é fixada (mesmo assim, à toa). Escreve asinha, antes que vá (mas para onde?) a ideia qu'inda é boa. Já foi e nada ficou, tens de ir perguntá-la ao avô. Que tudo sabe, que tudo ensina, ao menino e à menina. Uma ideia, até pequenina, vale tanto como uma mina. Quem dera saber. Quem dera fazer. Quem dera saber fazer.
Ideias não há, nem se gemer, que nada faço ou sei fazer

sábado, fevereiro 04, 2006

Nickette

Queixume

Quero é festança, muita alegria e fartança. Quero é ganhar. Muito dinheiro amealhar. Inda se tivesse uma ideia, daquelas que são minas, podia ir às meninas, sem nunca me preocupar. Mas no estado em que as coisas estão, ninguém me passa cartão (e as ideias, já as tiveram os outros). Ainda há autores prolixos, desses que vendem tudo, até a mãe, que tratam com desdém. É um vê-los publicar, volumes e tomos sem parar. Vendem tudo, os maganos, são piores que ciganos. E sabem vender, e sabem fazer muitos amigos, pra entreter. O pior, contudo, é quando tiram, d'um canudo, ideias já prontinhas, bonitas e fresquinhas, mais ou menos originais ou tiradas dos manuais. Meteoritos culturais, vendem bem, livros ou jornais. Esses, e outros que tais, vivem muito além e é demais.
A mim é que não me calha a sorte, mesmo trocando o passaporte. É sempre um tal penar, escrevendo sem parar... E vivo pobre, sem um tostão pra gastar!

Gárgula

Melopeia d'Optimismo

Oh, vagas alterosas d'alegria. Vagas tormentosas d'esplendor. Os raios dourados do Sol alumiam o percurso e este se estende sem escolhos, sem uma pedrinha sequer que perturbe o caminhar do caminhante a caminho da redenção.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

O Sinédrio

Mea Culpa

Isto né diário nã é nada.
Para o ser exige-se verdade, enquanto aqui se desenrola o rosário agridoce de um personagem, tão só, inspirado no vivente real.
Um diário não é, não pode ser, máscara.